Coração

 Quando o amor começa a nascer duas pessoas só querem estar juntas.

Depois vem uma fase em que o maior ego ou bem estar de uma das pessoas "normalmente o homem "  mas não obrigatóriamente a faz sentir-se tão bem que sente que tem coração para amar mais pessoas com a mesma força e até talvez mais força ainda pois em cada outra pessoa reside uma infinidade de coisas novas e cativantes. -O seu ego está otimo e ele sente que tudo é possivel com qualquer mulher.

Nas relações é frequente as mulheres assumirem uma posição extremamente dedicada e no meu caso isso sempre me fez sentir um pouco claustrofóbico a partir do primeiro ano da relação. Nesta fase não nos apercebemos mas o nosso ego está lentamente a criar uma progressiva dependência desse lado maternal feminino que sempre busca a presença da pessoa amada em todos os momentos da vida. Mais tarde se houver um afastamento lento da mulher entramos num beco  sem saida na relação. Queremos que aquela pessoa nos ame e procure como no início e isso já não volta mais, começamos a não sentir senão indiferença no lar , começamos a voltar para casa sem vontade. O nosso amor torna-se uma carência de um sentimento que ja não existe , nesta fase a pessoa que outrora nos ligava a perguntar quanto faltava para chegarmos a casa já não anseia pela nossa presença. De repente temos a liberdade que nos faltou outrora e nada sabemos fazer com ela pois o nosso coração encolheu, não tem capacidade de amar ou cativar quem quer que seja. 

- Talvez por isso a monogamia seja rara nos mamiferos. Esta oscilação nas emoções de cada um dos progenitores sempre acaba por gerar um ponto intermédio em que as emoções de ambos embora em sentido de crescimento inverso e temporalmente descincronizado estejam ambas altas o suficiente para se dar a concepção de novas vidas. A reprodução.

Os casais não se separam porque há falta de amor mas sim porque este é o design das emoções que mais favorece a formação de novos casais e naturalmente a separação de outros  , sobretudom maior prolificidade e diversidade genética em geral.

Pelo que o coração é o um órgão reprodutor no ser humano que o puxa para um contexto de armonia que será por definição algo passageiro na maioria dos casos. Haverá porventura casos de sintonia permanente mas que na realidade actual servem não mais do que uma excepção para comprovar a regra.

Descobri hoje que fui rei e senhor de mim durante anos e que apesar de muito mal tratado  em toda a duração do meu ultimo caso de amor fui emocionalmente confiante até cerca de metade do percurso e me tornei emocionalmente dependente daí para a frente o que me deixou numa posição de vulnerabilidade. A consequência imediata que isto tem nos homens é o trabalho obcessivo e até desorganizado porque os homens buscam muitas vezes a solução na sua afirmação como provedores e sem dúvida que isso muitas  vezes dá frutos.

É que há sempre quem não tenha provado dessa fruta.

Já as mulheres por gerarem os frutos dentro de si serão sempre mais inclinadas para ver no amadurecimento da  fruta e geração de nova semente a razão maior da sua dedicação. É também por isso que por vezes sentimos que somos a ultima das suas preocupações.

Reviremos

Luis Pontes